quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



Gostosuras e Travessuras do mundo da imaginação





As imagens fundiam-se ao corpo de Maria, como num caleidoscópio colorido. A rodear seu umbigo, ainda estava a forma com que aquela boca tenra beijava sorrindo. Um sorriso nu. Diante da fartura daqueles lábios leves e sem palavras, as vontades de Maria sossegavam. Pelos olhos, ele a deixava adentrar, sem reservas, nos recônditos mais íntimos do seu silêncio, ao que ela correspondia, naturalmente, em reciprocidade irrefreável. Eram força da natureza. Ninguém suspeitava quanta intimidade pode haver, no acaso do encontro. Fazia calor, nos centímetros de distância, que separavam as mãos de José , da ausência de pêlos de Maria. Sobre planícies, montanhas e outros relevos dela, os dedos dele deslizavam soltos, fotografando as paisagens de um presságio. Entre eles: só água, brotada da sede dos corpos. Depois deles: melodia de improviso, livre de letras encomendadas. Antes? A certeza arbitrária daquela dança, paralela a inexistência de um baile, em comum. Das janelas, todos os jogos eram vistos, com nitidez, mas ninguém queria começar a partida e era notável o conforto de um placar empatado, ancorado na indiferença, dos que só desejam brincar . Da vida de fora, eles só careciam do perfume do ar.

Qual de nós poderia renegar um momento destes, pensou a escritora antes de desenhá-lo sem papel, a letra..... E quantos sabem que imaginar também é viver? Quantos sabem que você pode atrair para si mesmo aquilo que imagina, se tiver vontade a toda prova. Sempre imaginei. Não que seja o mundo da fantasia, uma terra ideal para fazer morada. Lá é o ponto de partida. É que quando a gente quer algo com toda força do coração e se por ventur a o tempo lá de dentro estiver adiantado em relação ao tempo do mundo, a gente ainda pode imaginar e ser feliz assim mesmo, como fazem as crianças. Imaginar é viver mais. É ter tanta certeza daquilo que se deseja e assim tornar possível que o desejo aconteça dentro de nós. Para imaginar é preciso querer muito. E quando se faz isso com entrega total, a gente descobre uma trilha secreta capaz de nos conduzir à qualquer lugar, até num eventual entendimento de que certas coisas só funcionam na imaginação mesmo. No SwáSthya Yôga, o yôga mais antigo, pré-clássico, as mentalizações são usadas com freqüência , numa série de técnicas de relaxamento, auto-conhecimento, despertamento do poder interior e outras benesses. Sem metalizar, os escritores não podem contar. E vocês não teriam a menor vontade de ler, pois não sentiriam os cheiros, não imaginariam rostos, não se colocariam no lugar dos personagens, não sentiriam a história e claro não a respeitariam. No caso de Maria e José, ambos mentalizaram que de qualquer forma seriam felizes para sempre e foram, porque assim estava decidido.