quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



DIÁRIO








É só porque eu estava tristezinha, mas sou feliz, ventou poesia ao meu redor. O Riso enfeitou as 24 horas de outro dia solar. Já de manhã, eu soprava poesia no tempo, no primeiro Festival Internacional de Leitura de Campinas. Depois Sarovo, no Tendal da Lapa, em São Paulo. Que público especial brindou os poetas do Tietê. Quente. De novo obrigada! Não à toa o cenário era laranja. Pura energia. Palavras encantadas. Transcender o significado para compreender, além da concretude. A partir das metáforas cabíveis à um ovo, desenhou-se um espetáculo verdadeiramente alternativo, inteligente, divertido. Em cena, ganhei de presente um sorriso de um menininho, que perfumou minha pele, da beleza da inocência de apenas gostar muito de alguém. Ele gostava da minha personagem assim. Puro. Sem medo de confessar pelos olhos. E nós dois rimos juntos, porque eu também gostava dele assim.
Eu sou menina de Vila. Nasci na amada vila italiana de meu saudoso avô. Reencontrar uma vila encantada é feito cruzar de repente com o pé de romã da infância e chupar aquelas bolinhas doces, como quem tem o mundo na boca. A vila protegida por São Jorge (Viva!!) Vila Angela me conida à entrar. Colorir nosso tempo é tarefa individual e como alguns fazem isso bem. Lá na vila tudo é cor. Parece filme de Almodóvar, só que melhor. Casas liláses, vermelhas, amarelas, noite multicolorida. Flores e velas à todos os seres de boa vontade. Arte para todos os lados. Tudo ali afeta. proteção de todos os santos. Todos os vizinhos dançando na rua. Proibida a entrada do pensamento viciado. Música e dança fazendo amores sem pudores e convidando.... eu aceitei e dancei até machucar os pés cansados de caminhar adiante....



Primeiro festival Internacional Campinas (Filc) em recital de poesias...falando Clarice..."Sentia meu coração palpitar docimente. O corpo doía como se nele carregasse a feminilidade de todas as mulheres".......




O relógio marca três horas da manhã. Hora de soul. Sarajevo. Noite alta na Augusta. Lugar de toda a gente, que não tem para aonde ir: de tédio ou de fome(seja literal ou metaforicamente falando). De gente a passear também... "Ela só quer dançar..dançar dançar..." .... A certa altura sinto pena dos que não percebem a "a loucura" que é respirar e anestesiam o fluxo....


Eu sempe soube que alguma coisa sempre "acontece no meu coração..quando cruzo a Ipiganga e a Avenida São João", mas dessa vez foi na Augusta que me bateu uma emoção improvável, uma saudade do que eu não quero que termine...nessas horas eu, geralmente, me sinto tão bobinha...é uma espécie de solidão lúdica, nascida da confusão entre o ter vivido e ter sonhado e dessa falta de sentido, que paira sobre todas as coisas, quando percebo posso ter semeado meu encatamento numa ventania e pode acontecer de eu não alcançar nenhuma palavra, para contar a nossa história para mim mesma ..coisa de escritor...

O fato é que hoje o dia estava amanhecido e eu não ia dormir, mesmo sabendo que você, certamente, já sonhava comigo...