quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



GIRA MUNDO


"Sou palhaço e poeta. Sou muito perigoso para você. Eu não atiro facas, mas também não ando em corda bamba..." Boto (as ) no lugar de (os) e faço minhas as palavras do talentoso Lampi ...e seu Pop Circense. Adorei.

Tudo certo, como sempre me diz um amigo quando eu choro errado....
Talvez estejamos todos tão viciados a escassez, que quando a vida se oferece por inteiro pode acontecer de uns ou outros quererem cortá-la pela raiz. "Ok.Você venceu. Batatas fritas".... Sabe por que? Porque o que não existe eu deixo para amanhã....

Todo dia é dia de girar e amanhã dia 29 é Domingo na Roda " Num lugar Q não Existe" Centro Cultural Rio Verde ( Belmiro Braga 119 - Vila Madalena- Sampa)
De tarde as 15h45 contarei histórias de príncipes e princesas e as
20h Eu, Denise, marcela e Daniel em "4 Elementos". Música, teatro, poesia, ciranda e sonho...das 15h às... 23h. Entrada R$10,00
"A terra é meu corpo. A água meu sangue. O ar meu sopro. O fogo meu espírito...'
VENHA!!! te espero. Aliás tô rouca. Ou seria louca? mas vai rolar ....."Vento vem. Do vento vem tu. do vento vem tudo..."


FALECOMCAROLMONTONE@YAHOO.COM.BR

JOGOS DE AZAR


"Pense e dance!!"



O que faz de um ser humano uma pessoa qualquer aos olhos de um de seus pares? Não saber lidar com as regras do jogo, por exemplo? Aonde começa o fio de Ariadne que descortinaa ignorância mútua daqueles que não sabem que pode ser sim mais importante parecer do que estar e dos que julgam quem está , simplesmente porque parecem? Minha mãe me ensinou nua e cruamente: quem não sabe jogar perde.
Sim é claro que muitas vezes as regras são óbvias, noutras nem tanto. Mas e quando simplesmente não se quer jogar? E se de repente a única coisa que se deseja é um placar empatado no zero a zero daquilo que não precisa de motivo ou de explicação para existir. Na brincadeira. Ou naquilo que é natural, mesmo sendo estraordinário. Como uma florada de gerâneos, um vulcão , um nascimento, uma morte. Enfim algo que não precisa de nenhuma justificativa pequenoburguesa para validar-se porque simplesmente existe independente de quaisquer expectativas. É assim e pronto. Ainda que você não esteja acostumado a reparar. Sim porque levitar, por exemplo pode ser simplesmente um fenômeno natural. Se um sujeito consegue levitar é porque aquilo é um fenômeno natural. E se outro não consegue é natural também pois estamos sempre cercados de circunstâncias particulares, que no fim definem nossa vida toda. Sim eu acredito mesmo que há mais mistérios entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia da era da depressão.
E a única pergunta que fica martelando em minha mente é para que ? Tem vezes na vida em que a gente simplesmente atravessa a avenida Paulista de olhos fechados e nem pensa que pode morrer. E noutras nem consegue sair de casa porque talvez já se sinta um fantasma. Meio morto. Meio vivo.
Sim jogar é gostoso, de certa maneira. Excita. Pode ser desafiador descobrir estratégias inusitadas diante da pasmaceira da hipocrisia comum. Mas e quando a gente entrega todas as cartas ao adversário , de cara, simplesmente porque prefere brincar e quer deixar isso claro achando que talvez possa ser lúdico? Quem abre a janela e corre o risco de ver todas as cartas voarem é simplesmente um perdedor? Uma pessoa qualquer , sem estratégias” inteligentes”?
E se alguém corresse qualquer perigo para estar com você? Seria apenas um peão “menor “ dos eu jogo de importâncias. Carente e sem estratégia? Ou seria você uma pessoa sem autoestima suficiente para perceber que o rei e a rainha fazem um belo par em qualquer tabuleiro e diante de qualquer regra ou ausência das mesmas? Francamente nada se sabe.
Eu ando assustada. Quando vejo pessoas, como a menina da minisaia, sendo apredejadas como a “Geni” pelos seus pares e depois virando estímulo para os mesmos gozarem solitários seus próprios recalques me assusto. Definitivamente não sei jogar esse jogo. Não quero.
Fiquei pensando muito estes dias se todo homem é machista e toda mulher é de certa forma a mãe do machismo. Creio que sim e penso que não. Depende da fase do jogo, talvez. As regras são claras neste caso. Ser ao menos um pouco machista é preservar as regras do jogo judaico cristão. É ser um soldado em prol da família e seus “bons costumes”. Por isso mesmo idolatro os homens e mulheres que ao menos tentam renegar as regras do sofrimento. Que ousam entender as “regras “do existir e do conviver de outro ângulo, mais arejado e portanto perfumado de todos os jardins.
Admiro quem nos dias de hoje se permite jogar frescobol ao invés de tênis. Só porque na brincadeira nunca há uma relação de dominação. A liberdade talvez resida nessa ausência de relação de poder entre quem fez e quem obedece as regras. Brincar é mais divertido porque é arriscado. Ninguém sabe o que está acontecendo ali. Tudo é sensação. A cada momento criam-se novas e necessárias regras e também outras possibilidades. Mas a final e a propósito brincar de amar é fora de moda? Cafona, pieguas e sem utilidade no jogo do século próximo ao fim do mundo anunciado, aonde as catástrofes anunciadas chegaram?
Me parece que sim. Faz tanto tempo que não vejo uma amiga, um amigo babando de paixão como os poetas de antigamente. Agora o game da moda é: nunca se importe. Nem com o que for bom, nem com o que for ruim. Ok do ponto de vista do aniquilamento da dualidade isso seria de grande valia, só que nada é mais dual do que a definição: se você não se importa com nada é porque sabe jogar e é um vencedor. Caso contrário já era. Ficará fora do pódium. Nossa eu estou mesmo assustada. “Eu sei jogos de amor são pra se jogar. A por favor não vem me explicar o que eu já sei e o que eu não sei...” Paralamas do Sucesso
Quando ainda hoje ouço ditados como “prenda suas cabras que meu bode vive solto”..percebo, por exemplo, o quanto certos jogos parecem produtos de nossa eterna ignorância comum.
De qualquer forma, quando jogar é inevitável é melhor que se acredite: se você subverter a ordem dos acontecimentos e começar pelo final pode simplesmente, sem mais nem porque, ser eliminado. Se você casualmente começar uma história de afeto porque já gosta da pessoa, gostava antes como disse Fernando Pessoa, e apenas reencontrou esse amor quando o conheceu, você pode, nos dias de hoje, ser taxado de louco e nunca mais sair do banco de reservas. Talvez só a poesia possa salvar esses amantes com finais felizes de contos de fada de araque, por exemplo, em se tratando dos jogos de amor romântico.
Só a anarquia da forma estabelece a importância do conteúdo. Afinal todo caga regra é no fundo um infeliz, ou não? Já o verso não é de entender. É de intuir. E isso é tão bonito. Penso nos romances assim. Como brincadeiras do destino. Amo mais aquilo e aqueles que não tem e não me pedem explicação. Não saberia sentir te amo como prêmio à quem cumpriu todas as etapas do meu jogo de damas , com louvor e estratégia e venceu cada empecilho de olho no troféu. Muitas vezes é o perdedor quem me desperta curiosidade e mais para frente admiração. Por que ele tentou dos eu jeito. Só por isso. Porque ele ficou ali mesmo sabendo que era o azarão e driblou as imposições que eu possa ter criado , por puro vício. Deu a cara para bater. Teve a canela chutada, a mãe xingada, mas sabe-se um craque porque ama a brincadeira de jogar por jogar..só porque é divertido fazer embaixadinhas quando milhões de estressados na arquibancadas exigem o gol da vitória. Ok , no caso específico de nós dois tudo leva a crer que é GAME OVER..se bem que não acredito em obviedades de ocasião...mas em todo caso e por isso mesmo eu prefiro sempre a brincadeira porque esta nunca tem fim........

VORAZ






Teu olhar faminto engoliu minhas fomes.
Fiquei a mendigar vontades, na porta de templos pagãos.
Tuas pupilas saquearam minha paz e minha guerra.
Emprestei um vestido para guardar a pele, qual fruta descascada amarelada no tempo.

Feito o papel velho das palavras nunca ditas,
A palidez dos versos abortados,
O tempo sangrado do relógio,
Enquanto
Eu guardava pêras maduras no sutiã, para te dar de manhã.

RETICÊNCIAS DE AMOR


Tela e foto de Flávio Rossi
www.flaviorossi.com.br





Quem de nós nunca esteve frente a um quase-amor ou uma meia-amizade? E daí? Qual de nós é apenas um subproduto de suas paixões? Quantas femeazinhas livres ou trepaderinhas de ocasião cabem na solidão de um homem? E nas ausências delas? Onde é que se encaixa o prezado varão?
Talvez uma história de amar se construa apenas pela autosuficiência. Sendo assim, só quem é “fruta inteira”, não na retórica, mas nas práticas cotidianas da feira-livre de vaidades, pode repartir, sem fim e sem culpa...
Os romances sem ponto final vivem das reticências, que corremos o risco de deixar em seus enredos.....