quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....






"Desanuvia a testa e coloca um vestido branco"..Clarice Lispector


A contadora perdeu o fio da meada da estória. Não esteve bem certa do causo do dia sem passado. Era uma vez mais ou menos assim:
a ausência de Maria roçava-lhe as pernas da noite. Todo dia. A presença de João era destemperada como um lamber de seios em praça pública à luz das três da tarde.
Ele ofereceu uma página de seu futuro para a tal moça. Ela só acreditava no agora. E assim essa estória não tem passado. Só a eterna intensidade do que nasce para morrer precipitadamente.



Eu vi as rachaduras nas paredes ecoarem o choro contido das crianças que não pari. Era simultâneo aos gemidos da minha inocência agonizante. Abandonada onde tudo é apenas realidade. Nua e principalmente crua. Minha vida toda escorreu gotejante sobre a solidão absoluta de mais uma vez escolher a liberdade.
"liberdade é pouco. Para o que desejo ainda não há nome"..Clarice Lispector
............E depois a ausência de uma imagem é o patrimônio imaterial do elo de antes das línguas apartadas....


No rosto um pranto, sem manto e um tanto de espanto. Em cada bochecha um espelho de dentro. Daquilo que ousa fugir pelos olhos.......




O chão pode ser o pouso do tombo, mas também o melhor ângulo para compartilhar a beleza o céu. Tudo é questão de ângulo. Se te deram uma rasteira ou se você tropeçou por vocação confessa à andar distraída, o que da mesma forma importará é o que te fará levantar mais depressa. E não existe mola melhor do que o contentamento sincero de um sorriso cujo motivo é estar vivo. "É preciso viver apesar de.....", como diria Clarice Lispector.