quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



ADEUS ANO VELHO




Feliz Ano Novo. Que tudo se realize! Para mim, para você, para todos nós. Caso eu tivesse uma receita à dar, diria: "encha o universo de gentilezas, de sorrisos, espalhe-se em todos os cantos como uma cachoeira de luz e vença a sua própria sombra, quando preciso, pelo cansaço". A gente, afinal, tem mais chances de colher aquilo que planta.
Dias novos, vestidos de atitudes velhas vêm com pouca valia, como sabemos desde sempre.
De minhas novidades ainda sei pouco. Estou tateando-as. Faço amizade com elas todo dia, enquanto me acostumo a ser a mesma menina, numa mulher diferente. E nada espero, além de mim mesma, da força da minha presença una, sincera e realizadora em cada fato cotidiano. De antemão sei que tenho muito trabalho pela frente, em 2009. Estou bem disposta. Amo viver porque amo e só. É como dançar. A gente dança porque é gostoso, ama porque é gostoso e assim sucessivamente com tudo que tem importância na vida. As coisas mais importantes não carecem de explicação e isso vale em qualquer dia do calendário. Um amigo me lembrou "amor não se entende, amor se faz". Há pouco tempo rememorando o irreverente Tim Maia, o vi comentando sobre a sabedoria dos gorilas, araras e similares por ignorarem o tempo e apenas curtirem suas vidas. Acho bonito, no entanto, a simbologia que as contagens têm. São, de certo modo, uma oportunidade de reavaliação. Adoro tem um ano novinho em folha à minha espera.

TODO DIA PARE UMA ALEGRIA





Você já brincou de pedra, papel e tesoura? A pedra sempre engole o papel e a tesoura. Esta última, por sua vez, pode cortar o papel e por isso é mais forte. Assim é. A pedra pode ser a alegria, nesta nossa brincadeira de hoje. O papel a tristeza, que às vezes suja nosso quintal. E a tesoura é o seu poder de escolha. Qualquer criança sabe que a pedra é imbatível em todo jogo. Hoje estou pedra. Turmalina. Rosa.
De qualquer jeito, bom é quando assim:
pouso a pele no sorriso do dia, logo cedo. É um tempo quente este do despertar. Me ponho à ser a moça do Manoel, de pernas abertas para a manhã. A tarde, danço a brisa com meu vestido de menina. E de noite faço amor com as luas, comendo maças. Poderia ser tão plácido o ato de simplesmente viver. Não caibo naquela calcinha de bolinha. Nem na tua cueca samba canção. ”A vida é simples. A gente é que complica tudo”, Antônio Montone . Talvez por isso, às vezes, acordo querendo ser só chama para aquecer dezembro.
"Seja diferente. Seja Reluzentë..."Cora Coralina

LENHA

É tão gostoso compartilhar prazeres. Então quero te contar um gosto que tenho. Ler o educador DeRose, autor de dezenas de livros. Ele é o codificador mundial do SwáSthya Yôga ( o yôga pré-clássico, que existiu na Índia há 5 mil anos). É também meu mestre. As palavras deste menino faíscam como seus olhos maduros. São fortes. São cheias de vida. Você agora tem a oportunidade de acessar o blog do DeRose, um ponto de encontro dos milhares de instrutores da Universidade de Yôga, que trata de temas do nosso metiê, mas também de curiosidades e olhares desta personalidade. Para conferir acesse www.uni-yoga.org.br/blogdoderose.

Ao mestre De meus parabéns por mais esta iniciativa de comunicação e sempre obrigada por tudo que aprendo com seus exemplos e sua didática. Você é pedra preciosa à toda a gente rara. É um prazer conhecê-lo!

É um prazer também intuir cada um de vocês, aqui comigo, visitando minhas palavras

beijos solares

AS MINAS DE SAMPA





São Paulo é uma menina inquieta. Sonha acordada. Caótica. Inexplicável, digamos de uma ótica mais cartesia. É preciso olhá-la de cima ou em perspectiva para ter idéia de onde seus labirintos se encontram. Invetitavelmente, haverá sempre uma luz acesa em Sampa. A Avenida Paulista engole e também da fome. Cidade tobogã. Dá gosto se jogar no arrepio.
Hoje eu me peguei São Paulina Roxa. É que tenho a sensação de que tudo pode acontecer nesta cidade. Fotografei essa sensação de gostar de um lugar, que pode parecer comigo mais que eu sabia. Era aqui e agora que eu queria estar, mesmo, em mais um dezembro: em minha pele.

BUMMMMMMM!!!!!





Nunca tive medo do que explode em mim. Talvez devesse, porque nada fica indiferente a uma bomba e os estilhaços ferem. Tem emoções que rodopiam até fazer vomitar. Até que a gente aprende a voar acima delas. E essa viagem começa, na imaginação. "Não fique esperando a vida passar tão rápido. A felicidade é um estado imaginário". Quando a gente vê as prisões, bem lá de cima, elas viram ilusões de ótica. Quis acreditar, que meu corpo e alma eram passagens para o infinito. E assim muitas vezes me perdi, no mundo dos que exigem provas. Não importa. Também me salvei de ser outra morta-viva na selva de plástico. Nada me fez ainda arrepender, ainda, de não tolher nenhum veio da minha existência. Certos nãos da vida explodem no meio dos meus miolos, como o sol do meio dia. Não dá para arrolhar meu sangue, como fosse um vinho tinto qualquer. Sou água corrente. Um acontecimento em movimento. As vezes, um rodopio. Noutras só o bico do papagaio querendo mordicar um alface verde. Sou tão menina, que me assusto, quando penso que há trinta e cinco anos, num dia número 7, morria Neruda e nascia Carolina. A vida é assim. Contínua na beleza.

FESTA NA COBERTURA



Lá, bem ali, sentada em cima de uma das montanhas azuis estou eu, desta vez a Carol Nanda Lina , tendando achar graça no colorido da lucidez. Sempre amei flores azuis. Se bem que agora minha cor predileta tem sido o lilás. Quero ir além da calma. Adiante.

A Maria Louca e o Zé Mané





No silêncio da tua dureza, eu coloquei metáforas tão tontas e zonzas, quanto uma abelha bêbada de vodca barata. Sim eu boto estranheza no nada, vez em quando. E daí? Sou Maria, a estranha que, a propósito, não veio ao mundo para parir seu salvador. Sou bisneta da perdição, mesmo. Se me dessem o papel da santa e o da puta, nessa filha da P de peça, ficaria com o segundo, apesar de crer em milagres. E o Zé mané?ah, ele era um solitário abstênio, cheio de convicções de botequim. Era ladrão de galinhas. Gostava de matá-las para comer-lhes o coração. Credo né?Eu adorava omelete, com salada e assim termina a história de amor , que nem começou e por isso não tem fim.

(trecho de diálogo da comédia autoral da Peça A Maria Louca e o Zé Mané)

Missiva De/Para uma Sagitariana



Você já está crescidinha para saber que há uma inutilidade tacanha comum em nossa auto-importância e outra indêntica, em nossa humildade de aluguel. Se você olhar fundo nos olhos de um lagarto, se enchergará de alguma maneira ali. E se mirar o presidente dos Estados Unidos (bem antes da crise) a um palmo de distância, continuará ali. Somos fruto da mesma busca de sentido ou, quem sabe no fim das contas de sentir. Enquanto o mundo, aos solavancos, imerso em crises variadas, caminha para uma catarse ou quem sabe para a maior das catástrofes anunciadas, eu entendi que não tenho precisão de nada. Eu quero.É diferente. Não se trata de

pirraça mimenta, de menina pimenta. Não! Trata-se de um gosto pela
vida. Viver me apetece por demais. Como disse Fernando Pessoa "As
pedras eu guardo. Um dia farei um castelo".

Faz algumas manhãs, em meio ao caos que anda minha vida olho no espelho e repito : hoje começa a parte do filme, em que eu consigo tudo aquilo que eu quero. Ainda não sei o
caminho para alguns sonhos. Há uma cegueria assutadora nos dias do futuro. E um cansaço antecipado, repleto dos medos que teimam em invadir a bagagem de mão.
Tateio vias , por vezes imaginárias, mas inerte não fico. Não posso. De noite eu sinto o vento soprar-me adiante, seja como for, ainda que um sopro gelado seja capaz de me trazer ao ponto de partida. Eu recomeço, simplesmente pelo prazer do movimento. Tenho asas, na minha fantasia. Mais de pássaro, que de anjo.
Hoje , quando páro para observar a paisagem, não há tantas incertezas quanto ao que,definitivamente, não me compõe. Houve um

tempo em que me sabia frágil, quando na verdade sempre fui apenas

intensa. Sou elemento fogo. Acolho o poder da minha vontade no ventre. Lá estão todos os filhos meus, que ainda não pari. Irmãos do meu príncipe Cauã, meus livros, espetáculos, aulas de swásthya yôga, meus afetos, minhas partes ou minha inteireza, pois não dissocio o amor que tenho pela minha orelha esquerda, do que sinto por outros vãos. A pele , do pêlo. Talvez por isso ache natrural querer que você veja no dedão do pé, a mesma beleza da minha bunda. Sou eu ali também. Minha unha também se regala nos meus prazeres. E sofre quando eu choro os mortes que não quero aceitar. Sou mamífera e preciso de vínculos para me desenvolver. Num ataque de autohipnose, posso até pedir que você oferte seus seios para prover minhas feiúras como fosse uma demanda legítima. Depois passa. No fundo eu sei que não te preciso. Posso te querer, mas isso já é outra estória. Eu gosto de você, o que também já é outra coisa.
Continuando a prosa, Ainda estes tempos, um amigo
me disse que quando te jogam no chão, te chutam, te enganam, tiram

sarro dos seus sentires ou seja lá de que forma te ferem, a troco de

nada ou de alguma moeda de troca, não importa, o que vale é que esta é,
paradoxalmente, sua divina oportunidade de medir o poder do seu pulso firme em optar pelo

sorriso. E meus pulsos são pequenos como os de um bebê, só para denotar a feminilidade que me denuncia até nos ossos. É que se mil vezes eu nascer quero ser fêmea, já disse, mas um soco meu pode doer mais do que o do Popó. Parece assunto de Poliana, só que constatar a amplitude da sua decisão de ser um ser feliz independentede qualquer infeliz é um presente e tanto. ´A gente sente-se mais auto-confiante.
"Os meus inimigos eu enfrento sem medo. Eu aproveito para lutar enquanto é tempo"..

Posso ser mais menina, que a ingenuidade de uma garotinha de cinco anos. Mais velha que
uma anciã. Posso ter a adolescência a pulsar na ponta dos dedos, ser fruta madura e também caroço de azeitona. Não sou muitas. Sou pessoa. E pessoa é o que decide. Então, as vezes, a gente pode sentir que é nuvem ou pena e até pedra. Tenho prazer e alegria em passar por cada um destes cantos de mim, vez em quando.
Foi e é difícil ter compaixão comigo. Cheguei a me odiar muitas vezes. Raiva passageira. Nunca atei-me em emoção alguma. Tenho um amor real pela liberdade. E não existe liberdade sem mudança. A gente tem que mudar a todo instante de atitude, para captar algumas nuances da vastidão embutida no termo viver. Mais fácil e elegante, que expulsar um penetra de uma festa é negar-lhe a atenção e dançar só com seus convidados. As emoções podem condimentar ou azedar a sua vida e eu , confesso, que já estraguei meu angu algumas vezes por pura falta de atenção ou teimosia ou isto ou aquilo. O melhor é foi quando consegui jogar a papa podre fora, rindo. Sem, nem por um minuto achar, que eu era a meleca. Como tenho rido muito, penso que, em suma, nunca estive tão feliz por estar realmente aprendendo a lidar comigo. Ainda não me perdoo por algumas coisas, mas sei que sou bela e devo celebrar isso, sem falsa modéstia e com muito amor no coração. Sou aventureira nata. E me amar cada vez mais, tem sido adrenaloina pura, porque há curvas perigosas e acidentes de percurso, mas aprendi que eu tenho esse direito. E devo exercê-lo com dignidade. Parabéns Carol Montone pelos inestimáveis avanços. Persevere!!!
E você como está? Espero que muito bem também, apesar de qualquer "De"..pois como disse certa vez a Clarice "é o próprio apesar de que te empurra para frente", se você quiser..claro!