quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



JAZZ





A alma é menina o bastante para sussurrar cantigas de amor nos ouvidos de surdos.


Não há um segundo à gastar com o perdão. Palavra “bonitinha , mas ordinária”, que nasce da culpa, a ilusão maior da ignorância.

E se tudo é questão de pontos de vista.....como vivenciar a mesma noite, se para você a lua talvez seja só um astro e eu nela veja o dragão, o conto de fadas , o desenho do ÔM ( símbolo universal do yôga, corpo sonoro do absoluto) , além dos sorrisos que ela me ri, quando boba, eu chovo pelos olhos mesmo sabendo que nunca estarei seca????

O que sabemos afinal? O que se observa, até agora, é que nós humanos temos formas engraçadas e surpreendentes de intercecção, que para alguns só se consuma em vendados intercursos carnais e para outros explodem no olhar, sendo que até chegarem no baixo ventre já percorreram mil vezes o infinito.


Só sei que hoje eu quero ficar ouvindo jazz embaixo da coberta e me embriagar do amor que você canta em meus ouvidos colibris. E amanhecer perfumada deste cheiro de cavalos selvagens, misturado a um aroma de maças com canela, que exala dos nossos desejos.

Você tem medo de fantasma??




Superar limites é um dos sabores mais agridoces da vida. Por um lado, o azedume do medo, o peso do bem possível “não consegui” e de outro o melado da descoberta: eu posso, mesmo com medo. No meio termo está a tentativa, que por si mesma é nobre o bastante para redimir tudo aquilo que não pudermos mesmo realizar. Tentativa é auto-entrega.

Pode parecer amarga a frase de Federico Felline que diz “só existimos naquilo que fazemos”.....mas é acalentadora se pensarmos em fazer não apenas como um verbo exterior e sim um tempo interno, aonde nos remexemos o tempo todo em busca das melhores posições, dos melhores ajustes.

O medo, por exemplo, é um dos mensageiros da morte. Ele, muitas vezes impede o vivenciar. Se acreditarmos naquilo que ele sopra levianamente em nossos ouvidos infantes seremos prisioneiros do pior cativeiro: o imaginário.

Falar é fácil. Falar de medo não é sentir medo. Sim, eu garanto que sei disso. Assim como de todos os outros paradoxos adjacentes. Eu, por exemplo, já pulei de precipícios – ops..emocionais – principalmente...risos , aonde nenhum medroso ousaria pensar, mas tive crises de pânico dentro de um simples e seguro elevador, talvez porque minha mente prefira o tombo à prisão.

É. A vida interior nem sempre é lógica. Tem gente cuja pele é apenas invólucro protetor e esses, estatisticamente, acabam se machucando mais do que os que fazem dos poros, janelas para experenciar.

Para quem é levada da breca, como dizia minha avó, mais medos haverão, suponho. Talvez por isso, meus sustos não caibam escondidos debaixo da saia. Eles rodopiam minhas certezas, em praça pública e certas vezes ralam meus joelhos nos tombos infantis. Queria que todos os meus medos explodissem de repente no ar, como bolinhas de sabão, de forma bonita e suave. E nesse querer vou me soprando para frente...avante , avante...até um dia...

Às vezes fecho os olhos e imagino a vida como uma menina sapeca, uma amiga risonha, vestida com todas as cores do arco-íris, carregando margaridas nas mãos e convidando a gente para brincar. Pode ser perigoso, mas é sempre irresistível ir em frente!

E porque trabalhar com arte é um ato de coragem e de amor e porque só os que sentem medo e continuam são capazes de levar "o sol na boca", é com alegria que convido quem estiver no Rio de Janeiro todas as quintas -feiras de junho e julho a se deliciarem com as travessuras dos artistas Claufe Rodrigues, Mano Melo e Monica Montone, no Canequinho em shows inéditos de poesia, música e teatro. Confira!!!

ANDARILHOS EM CAMBALHOTA


foto Luis Miguel Mateus



Você não é meu destino. Minha viagem é pessoal. E essa solidão não dispensa sua companhia. Ao contrario. É este encontro que pare nossa brincadeira. E clamemos junto de Adélia Prado: “oh Deus livra-me de ser grande”. “Gente grande” quase sempre não lembra da emoção de brincar junto, sem compromisso, “sem desespero, sem tédio e sem fim....”

“Gente grande” às vezes fala muito. Perde tempo. Cansa. Eu mesma já disse tanta ....M crendo ser inerente ao meu coração tornar o amor palpável na palavra. Mas não adianta. Amor é como amarelinha, ciranda, esconde-esconde, pega-pega (humm). É um fazer. Um fazer sentido. Acontece de repente, quando dois se pressentem num sorriso uno, o do prazer compartilhado.

“A maturidade do homem significa reaver a seriedade que se tinha quando criança ao brincar” Nietzsche. Então proponho que pensemos em nossos namoros sob esta ótica brincalhona.


Nietzsche também aventou a possibilidade de que qualquer soma de indivíduos, comunidade, sociedade, de certa forma, vulgariza os seres. Fernando Pessoa via os amores vulgares , aqueles cujas sentenças - inclusive sexuais - são determinadas pela tradição, como o inferno dos homens e assim pedia alforria dos afetos, em versos diversos. Mas ......é junto do outro - aquele que escolhemos nosso bem querer - que a gente se regala. Falo de gente, que em primeiro lugar pode consigo. Gente que se toca, se afeta, se quer.

Sim, namorar, por vezes, pode até ser somente um ato vulgar, que corrompe a lucidez, mas em todas as infinitas outras formas será sempre a melhor “sombra e água fresca” das mútuas caminhadas.

Afetos são assim feito ávores. Dos cumes, você pode enxergar um mundo mais colorido, amplo e ventilado de posibilidades, ou também , por escolha intrasferível, usá-los de parapeitos ideais para laçamentos suicidas rumo às quedas, que deveriam ser processos individuais. Cada um tem suas preferências e tem também aquelas vezes em que a gente queria apenas curtir a paisagem e escorrega na neurose, mas acidentes afinal acontecem e pular de galho em galho também é um instinto ancestral, uma brincadeira inocente de criança irriquieta. Uma hora perde a graça, ou não...depende do brincante.

De qalquer forma, creio que namorados são seres à margem do bem e do mal.

Para refletir:...........

Friedrich Nietzsche ( Além do Bem e do Mal)
“Os mesmos afetos, no homem e na mulher têm ritmos diferentes: por isso homem e mulher não cessam de se desentender “

“O amor a um único ser é uma barbaridade. Pois é praticado às custas de todos os outros”

“Por fim amamos o próprio desejo e não o desejado”

“Se treinamos a consciência, ela beija enquanto nos morde”