quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



Você tem medo de fantasma??




Superar limites é um dos sabores mais agridoces da vida. Por um lado, o azedume do medo, o peso do bem possível “não consegui” e de outro o melado da descoberta: eu posso, mesmo com medo. No meio termo está a tentativa, que por si mesma é nobre o bastante para redimir tudo aquilo que não pudermos mesmo realizar. Tentativa é auto-entrega.

Pode parecer amarga a frase de Federico Felline que diz “só existimos naquilo que fazemos”.....mas é acalentadora se pensarmos em fazer não apenas como um verbo exterior e sim um tempo interno, aonde nos remexemos o tempo todo em busca das melhores posições, dos melhores ajustes.

O medo, por exemplo, é um dos mensageiros da morte. Ele, muitas vezes impede o vivenciar. Se acreditarmos naquilo que ele sopra levianamente em nossos ouvidos infantes seremos prisioneiros do pior cativeiro: o imaginário.

Falar é fácil. Falar de medo não é sentir medo. Sim, eu garanto que sei disso. Assim como de todos os outros paradoxos adjacentes. Eu, por exemplo, já pulei de precipícios – ops..emocionais – principalmente...risos , aonde nenhum medroso ousaria pensar, mas tive crises de pânico dentro de um simples e seguro elevador, talvez porque minha mente prefira o tombo à prisão.

É. A vida interior nem sempre é lógica. Tem gente cuja pele é apenas invólucro protetor e esses, estatisticamente, acabam se machucando mais do que os que fazem dos poros, janelas para experenciar.

Para quem é levada da breca, como dizia minha avó, mais medos haverão, suponho. Talvez por isso, meus sustos não caibam escondidos debaixo da saia. Eles rodopiam minhas certezas, em praça pública e certas vezes ralam meus joelhos nos tombos infantis. Queria que todos os meus medos explodissem de repente no ar, como bolinhas de sabão, de forma bonita e suave. E nesse querer vou me soprando para frente...avante , avante...até um dia...

Às vezes fecho os olhos e imagino a vida como uma menina sapeca, uma amiga risonha, vestida com todas as cores do arco-íris, carregando margaridas nas mãos e convidando a gente para brincar. Pode ser perigoso, mas é sempre irresistível ir em frente!

E porque trabalhar com arte é um ato de coragem e de amor e porque só os que sentem medo e continuam são capazes de levar "o sol na boca", é com alegria que convido quem estiver no Rio de Janeiro todas as quintas -feiras de junho e julho a se deliciarem com as travessuras dos artistas Claufe Rodrigues, Mano Melo e Monica Montone, no Canequinho em shows inéditos de poesia, música e teatro. Confira!!!