quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



ANDARILHOS EM CAMBALHOTA


foto Luis Miguel Mateus



Você não é meu destino. Minha viagem é pessoal. E essa solidão não dispensa sua companhia. Ao contrario. É este encontro que pare nossa brincadeira. E clamemos junto de Adélia Prado: “oh Deus livra-me de ser grande”. “Gente grande” quase sempre não lembra da emoção de brincar junto, sem compromisso, “sem desespero, sem tédio e sem fim....”

“Gente grande” às vezes fala muito. Perde tempo. Cansa. Eu mesma já disse tanta ....M crendo ser inerente ao meu coração tornar o amor palpável na palavra. Mas não adianta. Amor é como amarelinha, ciranda, esconde-esconde, pega-pega (humm). É um fazer. Um fazer sentido. Acontece de repente, quando dois se pressentem num sorriso uno, o do prazer compartilhado.

“A maturidade do homem significa reaver a seriedade que se tinha quando criança ao brincar” Nietzsche. Então proponho que pensemos em nossos namoros sob esta ótica brincalhona.


Nietzsche também aventou a possibilidade de que qualquer soma de indivíduos, comunidade, sociedade, de certa forma, vulgariza os seres. Fernando Pessoa via os amores vulgares , aqueles cujas sentenças - inclusive sexuais - são determinadas pela tradição, como o inferno dos homens e assim pedia alforria dos afetos, em versos diversos. Mas ......é junto do outro - aquele que escolhemos nosso bem querer - que a gente se regala. Falo de gente, que em primeiro lugar pode consigo. Gente que se toca, se afeta, se quer.

Sim, namorar, por vezes, pode até ser somente um ato vulgar, que corrompe a lucidez, mas em todas as infinitas outras formas será sempre a melhor “sombra e água fresca” das mútuas caminhadas.

Afetos são assim feito ávores. Dos cumes, você pode enxergar um mundo mais colorido, amplo e ventilado de posibilidades, ou também , por escolha intrasferível, usá-los de parapeitos ideais para laçamentos suicidas rumo às quedas, que deveriam ser processos individuais. Cada um tem suas preferências e tem também aquelas vezes em que a gente queria apenas curtir a paisagem e escorrega na neurose, mas acidentes afinal acontecem e pular de galho em galho também é um instinto ancestral, uma brincadeira inocente de criança irriquieta. Uma hora perde a graça, ou não...depende do brincante.

De qalquer forma, creio que namorados são seres à margem do bem e do mal.

Para refletir:...........

Friedrich Nietzsche ( Além do Bem e do Mal)
“Os mesmos afetos, no homem e na mulher têm ritmos diferentes: por isso homem e mulher não cessam de se desentender “

“O amor a um único ser é uma barbaridade. Pois é praticado às custas de todos os outros”

“Por fim amamos o próprio desejo e não o desejado”

“Se treinamos a consciência, ela beija enquanto nos morde”