quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



DA ESTRANHA MANIA DE TER FÉ NA VIDA

"E não foram poucos os que vendo pérolas sobre os pés despedaçaram-nas...""

O mistério é não haver mistério. O natural acontece e pronto. Por exemplo.

ÔM





Quem nasceu primeiro o ovo, a galinha, ou a rachadura na parede do pensamento por onde certas certezas simplesmente vazam claras na minha cara de gema?


O fim é igual ao dez.


"10 já é o começo do 11"...Clarice Lispector

Sobras


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Tua dor é substância como minha loucura? Tanto faz. Ambas são áridas. A semente do amor que não plantamos em lugar seguro apodrece perdida e sem pátria. Não nasce, nem morre. Sobra....
"Juro que amo até sua covardia e a minha loucura..." Pagu

Não há alegria, nem tristeza que caiba a contento no cansaço dos olhos. Não sou eu. São minhas pintas trêmulas, que parecem desmaiadas em meu peito ultimamente.....
"Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho" Edgar Allan Poe

Maria
"Ferozmente mulher
E brutalmente criança"

Seria um epitáfio quase ideal para uma jovem senhora, antes da metade da vida suposta.
Depois, nunca se sabe. Algumas coisas mudam de repente mesmo.
De que adianta supor como te pareço? Se de toda forma o indescritível nos vence. "Pluma. Ponta de faca. Borboleta e cascavel..."Também eu estou em toda parte lado a lado das tuas ambições autodescritivas

As aspas são uma brincadeira com escritos encantadores de Ruy Guerra , que sabiamente também falou que é preciso apalhaçar a dor.



"Desanuvia a testa e coloca um vestido branco"..Clarice Lispector


A contadora perdeu o fio da meada da estória. Não esteve bem certa do causo do dia sem passado. Era uma vez mais ou menos assim:
a ausência de Maria roçava-lhe as pernas da noite. Todo dia. A presença de João era destemperada como um lamber de seios em praça pública à luz das três da tarde.
Ele ofereceu uma página de seu futuro para a tal moça. Ela só acreditava no agora. E assim essa estória não tem passado. Só a eterna intensidade do que nasce para morrer precipitadamente.



Eu vi as rachaduras nas paredes ecoarem o choro contido das crianças que não pari. Era simultâneo aos gemidos da minha inocência agonizante. Abandonada onde tudo é apenas realidade. Nua e principalmente crua. Minha vida toda escorreu gotejante sobre a solidão absoluta de mais uma vez escolher a liberdade.
"liberdade é pouco. Para o que desejo ainda não há nome"..Clarice Lispector