quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



Do amor...................



Amor de exigência é massa amorfa e carente, bolo quente que no fim dá dor de barriga na certa. Penso que amar devia ser um verbo só de vontade e não de precisão. Tipo de querência teimosa e de preferência inútil. Digo , no sentido de não “servir” a nenhum de nossos interesses neuróticos e todos os seus afins. Lá do outro lado da calçada de relações alheias, a gente vê com clareza assustadora o quanto dizer eu te amo vira fácil sinônimo de : eu exijo que, eu espero que, eu gostaria que, ou no mínimo um chantagista eu sofreria menos se você fizesse assim ao invés de assado.......Noutro ângulo do planeta, aqui do meu lado da cama, de certo fica mais complicado a idéia de me desapegar das tão justificáveis, para não dizer “necessárias” , cobranças

Hoje o céu da praia do Leblon me fez ajoelhar de amor. Talvez não por acaso, o lilás – cor ligada as emoções de sublimação e espiritualidade, entre outras idéias – misturava-se com o azul mais celeste que já vi, num redemoinho de tons que fazia meu coração dançar........Como qualquer ser apaixonado tive vontade de cantar, dar cambalhota, rir, chorar ...não sei quanto tempo durou, mas em meu coração há de existir eternamente essa alegria...

Para minha maior felicidade, no momento citado, eu estava em companhia de seres encantados que muito amo e quando impotente vi, de repente, por capricho de um vento qualquer, aquele espetáculo começar a se desmanchar, pensei nas diferenças entre amar o céu e amar alguém e no quanto podemos ser benfeitores ou algozes, quando o objeto de amor é de carne e osso....

Talvez um bom treino para vivenciar o amor que transcende seja mesmo deixar-se dominar pela querência de céus e mares, que não estejam de forma alguma sujeitos a nossa obsessão por controle. Em cada elemento da natureza há um deus e eles certamente podem nos ensinar muito. A poesia também dá jeito na gente. Ela, que por não ter compromisso com a realidade, mas com a verossimilhança, como disse o poeta Manoel de Barros, é uma sagrada anarquia de versos e rimas, que nos libertam, ainda que por breves suspiros da nossa tendência nata à bestialidade... deveríamos ler ao menos um poema por dia, como forma de orar para sermos melhores amantes......



Platônica

Hoje o céu do Rio era cor- de –rosa
Um menino dobrava as roupas da minha infância, no quarto do prédio da frente
Lá atrás, o frio da solidão de um homem era maior que o aquecimento global
Ele precisava de uma capa preta para visitar o mar
Carregava também uma mala de castelos de areia
Eu não tinha o Rio, nem o sal, nem a lua e tão pouco os 12 anos
Só a janela

*beijos à todos e um ótimo domingo! Amem!