quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



REMENDANDO A FELICIDADE

Foto: Eis o grande amor....a quem amei antes de saber, incondicionalmente amo e amaria tantas vezes me fosse dada tamanha honra...eis Cauã - musico e escritor nato - flagrado em pleno recital carioca, ecoando nosso querido Mário Quintana e seu poema "Adolescente"


Tudo que a gente ama, já amava antes de conhecer. Bem antes diria. Fernando Pessoa resumiu o que eu venha a complementar assim: “Quando te vi amei-te, já muito antes. Tornei a encontrar-te quando te achei”. O amor precede as vontades do amante e ponto. Essa verdade, que mora além da metafísica, me faz lembrar da citação de Clarice Lispector.....”Existir é tão completamente fora de comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, enlouqueceríamos. A solução para esse absurdo que se chama eu existo, a solução é amar um outro ser que, este, nós compreendemos que exista”.....E se assim é, como acho que seja, eu saúdo à todos vós meus amores por me darem algum sentido....obrigada especialmente a você meu queridíssimo filho Cauã, que amorosamente me pariu sua mãe.



Queria ter olhos para ouvir o sagrado, mesmo sendo ele assustador, de tão simples. Como um recém-nascido, vou tateando as sombras nas paredes da minha alma e reúno forças para o combate final com o monstro imaginário, que desde a tenra infância vive embaixo da minha cama. “Que importa a paisagem, a glória, a baía e a linha do horizonte? O que eu vejo é o beco” ( Poema do Beco- 1933- de Manuel Bandeira).A esperança é, no entanto, minha fada madrinha. É a rede de proteção da boa vontade. Ela me sorri toda vez que desavisada pairo à deriva, num mar de certezas lacrimosas.EsperançaMário QuintanaLá bem no alto do décimo segundo andar do AnoVive uma louca chamada EsperançaE ela pensa que quando todas as sirenasTodas as buzinasTodos os reco-recos tocaremAtira-seE— ó delicioso vôo!Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,Outra vez criança...E em torno dela indagará o povo:— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?E ela lhes dirá(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...Há uma esperança que usa meu sobrenome e isso tem que fazer algum sentido..........


INTERVALO......PANDELÓ DE VÓ

A Esperança me fazia sonhos de creme na meninice
Avós são doces prediletos
Tem sabores inigualáveis
Que saudades daquele cheiro de baunilha
Daquela ilha onde só os ventos de amor sopravam
Obrigada Dona Esperança
Foste a porteira do não-lugar encantado, aonde nunca precisei de senhas para adentrar
(Por Carol Montone......para sua avó Iolanda Esperança Montone)


E POR HORA E POR FIM......

Levanto a simbolista bandeira de Manuel Bandeira contra todo lirismo, que não seja de libertação, se possível de livramento desta cegueira teimosaTambém estou farta!

“Do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
Quero antes o lirismo dos loucos
Dos clowns de shakespeare” (Trechos de Poética)

Sou das que crêem estar no riso o que sobrou de nossa divindade.... (sirvo-me do alerta de Ferreira Gular ..."os ratos também sentem dor")..... se eu pudesse escolher, como boa pretensa swásthya yôgni (amante das idéias do visionário mestre De Rose..assunto certo para hora dessas...)...enfim...se fosse me dada esta honrosa utopia...na hora de partir ...... queria morrer de rir da felicidade de sentir.