quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



Hoje é noite de lua nova e a lua nova nunca é uma coincidência




ADVERTÊNCIA: ESTE POST PODE CONFUNDIR E É PRECISO JEITO PARA PERCORRÊ-LO SEM SE PERDER NA ESQUINA DA AUTODESCONEXÃO. ENQUANTO A COERÊNCIA SE ORGANIZA TENHO A CERTEZA DE QUE GOSTO MAIS DE CONVERSAR COM SEUS OLHOS. ELES TIVERAM MAIS JEITO COMIGO QUE VOCÊ

De todo jeito, o que está dito está dito em alto e bom som, amplificado por um sem número de sílabas dissonantes. Tudo bem. Não preciso de redenção. Sou menina.

Em tempo; o dicionário Soares Amora diz que amar é : 1. ter amor, 2. querer bem; 3.desejar; 4. estar enamorado. Creio que sejam boas pistas estas. E a primeira definição é talvez a mais independente.
Ter amor não é forma infinitiva. Também não conjuga-se verbo regular e cheio de motivos. Querer bem é encantar-se. É feito o pássaro da Amazônia, que não conheço e pressinto, numa querência prévia.

"Você transforma pedra em nuvem", disse-me uma pessoa querida, ontem quando ameacei me arrepender... Este foi um dos elogios mais perigosos e lindos que recebi na vida. Por que serão certas belezas tão abissais, pensei?
Logo na sequência lembro-me de um outro trecho do meu livro Menina Amadora, que estará saindo do forno em breve:

Caso mil vezes eu nascesse, me queria palavra fêmea, mesmo avisada de que esta raça tende às alucinações e/ou ilusões de óticas mais constantes. Não se trata de preconceito. Homens quando amam, por exemplo, simplesmente são mais felizes incondicionalmente. Não reparam em eventuais senões. Eles são focados na prioridade. Se me apego a uma identidade fêmea é só porque as garotas se jogam no amar, seja como for. Geralmente não carecem de garantias. E eu não saberia existir sem este frio na barriga. Às vezes, tenho a sensação de que uma mulher está sempre mais sujeita a uma queda do que um homem. Deve ser por causa das sandálias de salto, que afastam os pés do chão, aproximando a cabeça das nuvens.
Como vou te explicar que, enquanto tua boca jorra palavras banais, faço amor com o branco dos seus dentes, numa paz infinda e surrealista? Não preciso, entretanto, de redenção. Eu sou menina e gosto!!

Maria, a personagem também diria assim:
Sou manhosa e garanto que se ininterruptamente me jogasse num tombo a dois seria empurrada pela certeza de que não cairia. Sim. Meu instinto de sobrevivência é avassalador, tanto quanto minhas ilusões de ótica. E posso superestimar minhas pelo menos sete vidas e pular sem paraquedas numa intuição. Pode ser egotismo, egocentrismo, egoísmo, mas talvez faça isso por sempre achar que você agiria, naturalmente, como o herói que não transcrevi para o papel ainda, por falta de competência de garantir fidelidade à sua descrição ideal. Em qualquer parte da estória você daria seu jeito de achar só graça em meus modos não jeitosos, para começar. Acolheria apaixonado qualquer coragem traquina minha em seu colo, gentil, como sempre. Desobrigado a isso e por gosto cantaria para me acalmar e por para dormir. Acontece que intuição não leva à queda. O resto é fuga ou no máximo vontade. Teimosos terminam a estória sempre atrasados é verdade. Ficam escravos de suas decisões autorais e acabam expulsos, depois, da própria casa de papelão, por um transeunte.

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