ABRIL
Os olhos não sabem mentir motivos, na maioria das vezes. Será que só eu via aqueles devassos praticando amor em praça pública, na frente das crianças e dos cãezinhos?
Ele tinha olhar d’água. De rio no mar, enquanto a boca era um mundo. Que imagem caberia bela o bastante em meio aos lábios daquela Maria, entre o céu e a língua, sem esforço? Nunca soube ao certo quem era o tal José e essa abstinência me ardia. Dele gostei, a primeira vista, em cada detalhe que ainda desconheço. Até nos beijos, à mim repetidamente dedicados enquanto concedidos à orelhas alheias
Aquele enredo não tinha precisão de argumento. Estava escrito e então só contemplei a liberdade dos personagens em pleno disparate. Haveria muito para contar, caso eu não tivesse perdido o fio da meada, a primeira vista .....
PS: anotações de um abril sem fim