quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



virada cultural paulista






legenda:eu agora de pouco, voltando para casa

Meu corpo tremeu de contentamento hoje no Teatro Municipal de São Paulo. Tudo ali era beleza. A música pegou meus olhos arregalados pela mão e ninou meu coração longe dos sustos e dos soluços, deste tempo que me veio de ponta cabeça. Como é lindo ver a liberdade materializada como eu vi na destreza dos dedos brincalhões de Gismonti ao piano, na leveza de Tom Zé, na presença sagrada de Chico César. Eu vi tudo acontecer, ao mesmo tempo em que aconteci ali com eles. Como disse o paraibano Chico em sua música-prosa,com o coração cheio de fé e descrença.
As vezes meus pulsos pequeninos não aguentam minha força e doem. Eu insisto em acreditar na benevolência da vida. Não caibo em minhas eventuais tristezas. Saio roçando a lua e as estrelas até sentir na pele o prazer de existir. Que planície estranha esta, composta por um mar de gente. Ali naquela sala de espetáculos todos fizeram amor com as mesmas canções. Livres, leves e soltos de si próprios. “ Deus me salva de mim. Da maldade da gente boa e da bondade de gente má” Chico César. Nós todos, que estávamos ali, éramos a carne e o osso do mesmo prazer de compartilhar o som. Abdicávamos de nós mesmos para viver aquela vida que cabe na letra de uma canção, tão intensamente como se não houvesse mais nada a dizer.
Neste sábado Sampa estava virada. Mil e uma noites em um canto que é um tanto de mundo. A terra frenética de ninguém e de todo mundo. São Paulo..."mar de gente aonde eu me encontro" . “ A vida ao avesso não tem fundo nem fim “ já disse Viviane Mosé. Já é dia claro e eu ...com “vontade de viver mais..em paz com a vida e comigo..”