Meu sono não guarda as esperanças das benesses de algum amanhã. Hoje é meu tempo de paz e de guerra. Ele nasce a cada despertar dos meus olhos arregalados, sempre como o prenúncio de uma vida toda - inteira e designada a me trazer alegrias e tristezas - que como o sol e a lua alternam-se em movimentos naturais, ás vezes tão comuns como um entardecer. Assim, hora sofro mais e noutras menos do que aqueles que possuem um tempo futuro de redenção. Eu me consumo todo dia. Para o bem e para o mal. Nascer e morrer, ás vezes mais e ou menos plena, são fatos rotineiros de minha existência.
E nessa brevidade intensa de tudo que é cíclico, somente reconheço a eternidade naquilo que amei e ou amo. Amor de cio, amor anil, amor servil ou senil. Que meu esperançoso futuro, se existe, venha me amando intensamente, pelo que sou e o que gostaria de ter sido ou ainda ser um dia e sem pudores lamba cada imperfeição da silhueta de minha alma, feito o homem que apaixonado por meu sorriso nada enxerga, além da parte da beleza do mundo que me cabe.
Que a trilha sonora deste tempo fictício que está por vir seja o som da sua gargalhada, que tanto amo. Sim eu mentiria se dissesse que já não te quero em meus amanhãs. Os teus silêncios conversam comigo de uma maneira enlouquecedora é verdade, mas têm vezes em que eles parecem só esperar o tempo da minha compreensão. Enquanto isso, você me sorri placidamente e não sei como acredito que estará sempre ali, de alguma maneira, me querendo amar. Tento em vão descobrir quais são suas urgências....como doma a fera chamada dúvida. De onde afinal vêm suas certezas???????????.....penso em te suplicar para que me ensine a aceitar os nãos da vida, mas recuo, porque no fundo dos seus olhos vejo evidências de que toda essa dureza não passa de um disfarce. Me quer e me nega, assim como faz contigo próprio. Sabe da nossa perigosa semelhança. Ás vezes basta te olhar para saber que é definitivamente tão louco de amor quanto eu. E isso me faz querer parir um tempo eterno para nós dois, bonito mio.
