quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



Letras Peladas


Sabe, o fato é: estou à flor da pele. Deflorada pelos dias que por mim estiveram. Letras explodem entre meus dedos, dioturnamente. São fogos de artifício, festejos de São João (track) ou quem sabe bombas- de um estranho silêncio lacrimoso - prontas para detonar as palavras que semeei com tanto afeto, desde o primeiro “a”, com aquelas “perninhas”, ou também orelhas, dependendo da imaginação atrás das mãozinhas pequeninas, que tentavam aprender a comunicar.
Somente muito depois, eu saberia que das palavras pouco se pode esperar. São sementes jogadas ao léo e viram o que o solo do “outro” alimentar. Contudo, nelas me apego feito a mãe do recém-nascido, que se sabe ninho provisório de um pássaro. Sempre soube que toda letra pode crescer flor. Por isso, acolho até minhas conjugações verbais mais estúpidas e as solto no mundo, até mesmo ao crivo dos perniciosos, porque faço vistas grossas aos que adulteram meu sentido. Só me interessa compartilhar sorrisos de cúmplices.
E assim, em meio à uma ifinidade de palavras-bebês, as fico à devira, querendo desabrochar. Este post era só para contar que tantas quantas forem as vezes em que assistir ao filme ””””Lendas da Paixão””””, ficarei em silêncio e chorarei de emoção. Uma saga antiga, brega, piegas até, talvez mesmo apropriada para os tempos de Natal, por mostrar num só clã muitos dos limites, medos e desafios de seres humanos fadados a viver a flor da pele, a lutar contra seus ursos internos , na mesma medida em que se apaziguam com essa existência selvagem. Tristan é meu personagem predileto nessa “es” “história”. Tenho um pouco de Tristan em mim. O filme também mostra que os laços de família são amorais e vão além da civilização...que eles permanecem haja o que houver....

Hoje foi um dia de gritaria em meus domínios. Sei que infinitos ecos ficarão por aqui. Também assisti “O Passado”, de Hector Babenco. O longa descortina toda a fragilidade emocional a que estamos sujeitos, de forma desajeitada, ás vezes até surreal, de tão assustadora, pois a sabemos vizinha. Um homem, uma mulher. E as obsessões de cada qual. Tudo em nome de um pseudo-amor , que não cabe no enredo de repetidas loucuras humanas. Gael Garcia Bernal representa bem, na medida certa, a nossa condição de bolinha de papel na ventania. E a atriz, que vivencia a personagem Sofia, cujo nome infelizmente não me recordo, está assombrosa de tão despida na versão de uma mulher vazia, neurótica, na busca desesperada daquilo que julga lhe ser vital: o pobre coitado do ex-marido.
Por outro lado, o bom é que pessoas quando ficam à flor da pele têm o privilégio da imensidão. Ë uma emoção inenarrável quando uma orquídea- cultivada há quase um ano - floresce de repente. Quando um vento suave entra pelo vidro do carro para beijar a pele. Quando um enorme sol laranja vem se pôr defronte da as janela, quando uma amizade querida te sorri, quando os olhinhos do seu cachorro te convidam para espreguiçar na grama com ele sob o sol da manhã...quando uma canção te leva para lugares deliciosos por onde sua alma já passou um dia...quando ao fechar os olhos você se depara com a cor lilás , a mais linda que você já imaginou e se sente ingenuamente feliz com isso....... é assim.....quando se está à flor pele, qualquer um experimenta a sensação dos famosos orgasmos múltiplos.....não quero contar vantagem, mas eu os conheço bem....haha