quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....




Foto Nuno Estrela


ARREPIO ADOLESCENTE.......

Tá doendo!
Coçando aí
Ardendo aqui

Incomoda pai e filho
Do espírito e do santo
Põe mãe a rezar o credo por sua ave

Pára o relógio
Nasce com o pêlo
É lenda, senda, birrenta

Dá medo!


E do seu balaio, os encantos revelar-se-ão no futuro do pretérito...
Só na hora em que for saudade
Cheiro distante da amora madura.....de outra idade

Por Carol Montone

Andei pensando nos primeiros 30 e poucos anos. Eles são uma espécie de adolescência adulta. Uma resistência à maturidade. É medo. É preguiça. É o entendimento prático da palavra responsabilidade. É um tempo de mudanças também, aonde não somos ainda - ou não tanto quanto gostaríamos - bem resolvidos com a profissão, relacionamentos, família e na maioria das vezes, já sentimos as primeiras mudanças físicas rumo à decadência. A passagem do tempo se impõe mais evidente sobre nossos sonhos. Ansiedades do “viver” alimentam o fantasma corrosivo do vazio existencial. Perguntinhas básicas interrompem os compromissos cotidianos cada vez mais opressores: o que eu sou? De onde eu vim e por que irei?? afinal para onde???Basta atentar para os olhares perdidos em qualquer roda de trintões conversando, ligados pela herança geracional de um tempo, que não foi nem político, nem fútil, mas digamos de uma entressafra, aonde a democracia nascia bem antes de nosso primeiro gozo.

Pois bem. Acontece que minha adolescência balzaquiana- e toda essa falta de conforto, de um alento, que parece não estar mais em nenhum lugar - coincide agora com a adolescência biológica do meu pequeno e sofredor filhote. Ele descobre sua sexualidade, sua identidade e eu minha fragilidade diante do “mundo adulto”. Tem sido punk, como se dizia antigamente, mas também nos divertido. Tenho que seduzir minha paciência de mil formas, diariamente, para que ela aceite dançar esse tango comigo. Dama caprichosa, a calma tem seu tempo. E adolescente não sabe esperar, é sabido que o mundo para a “ esta gente” vai acabar amanhã. Ai o jeito é colocar uma música bem triste (tipo EMO –emocional demais, como eles dizem agora) e viver os lutos adolescentes com toda pompa e circunstância, pois eles talvez sejam como estações do ano: naturais. Assim deve ser para nos ensinar que água parada apodrece e tudo é cíclico, como o infinito de possibilidades, que todo dia se abre quando as pálpebras levantam para começar o dia....
Os ventos de dor e prazer parecem uma mistura indigesta, nestas fases, ainda assim. Em qualquer tipo de adolescência, as mesmas mudanças que individualizam, quebram as partes de um todo, que ainda nem era uno. Falta o contorno, como dizem os psicanalistas. O tempo é fator imprescindível para resolver essa equação....só ele adiciona os elementos certos para um resultado feliz, apesar de isto ser um insuportável clichê, tal qual a adolescência....
****música adolescente....Reação em Cadeia...bacana...bem rudimentar como são algumas de nossas emoções.......eu curto.......