quem conta um conto aumenta um ponto
e mais não digo ....



PARA QUE.





Quantas vezes perguntaremos o que somos e no meio das definições nos acharemos perdidos? Para que investigar motivos se o que importa, quase sempre, é indiferente às explicações. E é tão belo quando nada se sabe e tudo acontece. Em meio a uma ciranda de simbologias, ladeados de compromissos com a manutenção da persona, quase sempre o que fica a deriva é o melhor de nós. Quando lembro disso, quase chego a não me arrepender de ter abdicado de minha capa de mulher maravilha e aparecido tão menina diante de teu hálito macho. De toda forma nenhum disfarce dura todos os carnavais e sua retórica também ruiu com o tempo. Acabei te pegando com as calças na mão, assustado. E chorei um samba-canção mal acabado, nas tuas costas nuas. Uma melodia de quereres. De te querer bem.
Pouco estive preocupada comigo ou contigo, é verdade. “Aquilo” que está entre as vontades é que me chama atenção. Exatamente aonde as fomes se misturam e formam uma energia comum. E energia não morre, nem vive em tempos passado presente ou futuro. Energia se condensa e se dissipa, circula, muda de lugar.
Para quem só enxerga diante da pele, o óbvio, todo o resto é esquizofrenia. Vir o mar, na saliva das bocas misturadas, num só desejo, é também correr o risco de encontrar tubarões e icebergs. Então, talvez para uns seja mais fácil sentir a língua só como um pedaço estranho de carne, enquanto outros têm em cada parte de si a imensidão.
Somos talvez um oceano azul, bonito, mutante, que guarda profundezas e mistérios, atravessa as marés e segue até o sem –fim da linha do horizonte. De toda forma, aprendi a duras penas, que muitas vezes é preciso contemplar certas paisagens calada.